
O verdadeiro time do coração_
Por Bruna Slowik
Desde criança meu pai costumava levar eu e meu irmão ao estádio, em todos os jogos do time do coração dele. Nossos primeiros presentes foram camisas do Alviverde. Com o tempo, vimos que nosso sentimento não se igualava ao do meu pai, mas não tínhamos a coragem de assumir que nosso coração não batia por aquelas cores. Mas o medo de admitir para ele que sempre se sentiu feliz em estar no estádio com seus dois filhos era grande.
Guardamos nosso sentimento o máximo que deu. Até que minha amiga me chamou pra assistir ao jogo do Rubro-Negro, e para minha surpresa, meu coração bateu mais forte. Finalmente entendi o que meu pai sentia quando ia aos jogos. Era amor, paixão, euforia, uma mistura de sentimentos. Conversei com meu irmão para tentar sair dessa situação, não queria machucar meu pai. O sonho dele era ter seus filhos por perto, acompanhando ele nos jogos, torcendo pelo mesmo time. Mas descobrimos que não era o que ele esperava, torcíamos pelo time rival ao dele.
Unimos toda nossa coragem e fomos falar com ele. Lembro até hoje da sensação, as mãos suando e o frio na barriga. Quando contamos tudo o que sentíamos pra ele, vi que ele ficou triste, decepcionado, a única reação dele foi "Independente de time vocês sempre vão ser meus filhos, e eu não vou deixar de amar vocês por causa de um time. Confesso que sempre sonhei em estar no estádio com você. Mas eu aceito a escolha de vocês". Hoje dia de jogo lá em casa é uma festa, cada um torce pelo seu time, vibra, grita, mas sempre juntos.