CAPITAL DA NOTÍCIA

A A extinção das torcidas organizadas é, há muitos anos, a solução encontrada para que a violência diminua nos estádios de futebol. É compreensível que exista essa revolta, levando em conta as inúmeras brigas que já ocorreram tanto dentro, quanto fora dos “gigantes de concreto”.

 

Não sabemos ao certo se somente expulsar torcedores que pertencem a esses grupos resolveria todos os problemas de segurança nos estádios, mas será que estamos dispostos a pagar o preço tão alto que é perder os principais responsáveis pelas festas e a alegria presentes nas arquibancadas?

 

Podemos usar exemplo dos ingleses, que há 30 anos tomaram atitudes extremas para afastar os “hooligans” (torcedores ingleses mais violentos), que causaram a morte de 39 pessoas em 1983. Esse fato foi o que iniciou a busca por soluções, como a repressão intensa por parte da polícia e o isolamento dos hooligans. O estopim aconteceu em 1989, quando 96 pessoas morreram esmagadas no estádio de Hillsborough, por causa da superlotação.

 

Nesse caso, não só a situação dos torcedores violentos foi repensada, mas também toda a estrutura física dos estádios de futebol na Inglaterra. Com a reformulação geral (que incluiu a construção de 30 novos estádios), cadeiras foram colocadas nos lugares onde os briguentos ficavam e a modernização coibiu as práticas violentas.

 

Essa revolução, sem dúvida, trouxe muitos benefícios para o futebol inglês, que além de não sofrer mais com a violência, é o campeonato mais organizado e rentável do mundo. Em contrapartida, o ambiente dentro dos estádios, em geral, é tão frio quanto uma peça de teatro dramática ou um concerto de música clássica, onde todos ficam sentados durante a maior parte do espetáculo, com os momentos de festas reservados somente para quando saem os gols.

 

No Brasil, alguns procedimentos foram implantados, porém eles ainda são muitos superficiais e não punem como deveriam. De que adianta querer a extinção das torcidas uniformizadas se as leis que deveriam ser básicas são mal aplicadas?

 

A torcida brasileira ainda mantém a característica de ser vibrante, inflamada e que canta durante os 90 minutos de jogo. Isso faz parte do futebol brasileiro e extinguir as torcidas poderia trazer um prejuízo significativo para a nossa vida de estádio. Buscar alternativas que punam de fato os responsáveis por baderna e que não prejudiquem as festas dos estádios seria o ideal, para que o Brasil não caia na mesma segurança e conforto silenciosos dos ingleses.